O Famoso "Toque"
Mamã Tranquila
14.08.18
CERVICOMETRIA OU TOQUE VAGINAL
Este procedimento permite avaliar a evolução da gravidez e, numa fase mais tardia da gestação, verificar se há sinais do início do trabalho de parto (apagamento do colo do útero e dilatação) ou se o trabalho de parto está a decorrer como esperado, permitindo identificar precocemente alguma complicação para a mãe / bebé.
AFINAL PARA QUE SERVE E QUANDO DEVE SER REALIZADO
permite ao médico avaliar a evolução da gestação. Nas consultas de rotina da gravidez, a partir das 34/35 semanas, o médico poderá fazer o toque vaginal para análise do colo uterino e do estádio da apresentação do corpo do bebé.
DURANTE O TRABALHO DE PARTO
Durante o trabalho de parto, e segundo as indicações da Organização Mundial da Saúde, a dilatação cervical (observação mais importante para avaliar a progressão do trabalho de parto) e a descida (apresentação) da cabeça do feto serão registadas no partograma.
O registo no partograma começa na dilatação, quando o colo do útero atinge uma dilatação de 4 cm (fase activa do trabalho de parto) após realização do toque vaginal.
Este, deve ser reduzido ao mínimo necessário. O intervalo de avaliação deverá ser de quatro horas [1], ou se a grávida pedir se sentir alterações, o que não é muito frequente. Antes do início das contrações, o toque vaginal deve ser evitado.
Se a dilatação for lenta (a expectativa é que o colo uterino dilate dos 4 aos 10 cm, normalmente cada cm demora uma hora) é um sinal de alerta que pode associar-se a complicações como o parto distócico (quando, apesar do útero se contrair normalmente, o bebé não consegue passar pela bacia da mãe).
COMO É EXECUTADO?
A grávida fica deitada de costas, com os joelhos dobrados e as pernas abertas e afastadas. O médico / enfermeiro introduz dois dedos na vagina (geralmente o indicador e o médio) e toca o colo para:
- Avaliar as características do colo (apagamento, consistência e dilatação);
- Verificar se a bolsa de aguas está ou não integra
- Avaliar a progressão da dilatação desde o último toque vaginal,
- Determinar a altura da apresentação e a compatibilidade feto-pélvica (harmonia entre o tamanho da cabeça do bebé e largura da bacia da mãe );
QUANDO NÃO DEVEMOS REALIZAR O TOQUE VAGINAL?
Quando a grávida tiver perda de sangue ou de liquido amniotico, com idade gestacional igual ou superior a 28 semanas.
TOQUE VAGINAL. FAZER SIM vs Não?
A utilização do toque vaginal não é um procedimento consensual. É, e sempre foi um tema que gera grande polémica, muitas vezes por causa da sua utilização abusiva de à uns anos a trás. No site da OMS podemos ler:
“É surpreendente que o uso desta intervenção seja tão disseminada apesar da não existência de uma boa evidência sobre a sua efetividade, especialmente considerando a sensibilidade do procedimento para as mulheres que o recebem, e as potenciais consequências adversas que a intervenção pode acarretar em determinados contextos.” [2]
[1] Organização Mundial da Saúde – Parto Prolongado e Paragem na Progressão do Trabalho de Parto – Manual para professores de Enfermagem Obstétrica. Educação para uma maternidade segura: módulos de educação. – 2ª ed. 2005. Acedido a 26 de maio de 2017. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/44145/84/9248546668_3_por.pdf.
[2] Organização Mundial da Saúde – Exame de toque vaginal para avaliação de rotina e identificação de demoras na fase ativa do trabalho de parto. Acedido a 30 de maio de 2017. Disponível em: https://extranet.who.int/rhl/pt-br/topics/preconception-pregnancy-childbirth-and-postpartum-care/care-during-childbirth/care-during-labour-1st-stage/digital-vaginal-examination-routine-assessment-and-identification-delay-active-labour